quinta-feira, 6 de agosto de 2009

OS NOSSOS POLITICOS SEGUNDO AS SUAS VIDAS

Escrevo este post que, para todos os efeitos, é absolutamente secreto, excepto para os meus dois leitores, já que o meio leitor está de férias, em casa duma tia rústica em Sangalhos, casa sem Vodafone, a ajudar a carregar a lavagem até ao aido dos porcos, e a dar milho às galinhas, que ele tem trinta e quatro e portanto é da geração dos quinhentos euros.

Posto isto, declaro que esta investigação, secreta, foi difícil e tem como móbil ajudar os meus dois leitores a decidirem-se nos votos das eleições que aí estão à porta. Para não ter cenas com a Comissão Eleitoral, publico fora da campanha, e declaro sob compromisso de honra que a informação que dou é tão genuína como o uso da verdade por parte de qualquer dos visados nas promessas aos portugueses.

Estas férias, eu soube que o Pedro,... o Santana Lopes!, foi até à grande Maçã como ele gosta de dizer, e ao entrar em Manhattan, a acompanhante ( que não era nenhuma das 17 anteriores), perguntou ao homem de cultura que ele é, que tal lhe parecia a Estátua da Liberdade. O Pedro, rápido, como ele é sempre -" É muito vulgar. Devia ser deitada abaixo. Já falaram ao Frank Gehry?".

Nessa noite e na outra e na outra, enfim, numa delas foi concerteza, estava num bar como habitualmente com o Nuno Melo, aquele dos out-doors emproado, e de tendências de cardeal bracarense da inquisição, quando um homem encolerizado entra, pede uma bebida ao balcão e diz ao empregado. "Todos os polícias são imbecis." O Nuno, sentado a dez metros dele, lembra-se das récitas do Portas sobre segurança e, vai daí, não há quem o segure, diz."Alto aí. Isso é uma ofensa. ". " Porquê? Você é polícia?". "Não, sou um imbecil".

Nesta altura o Santana sai à estacada, e como circunvagueava aquele olhar meio cúpido ( tipo carneiro com cio, o que até já deu uma tese de doutoramento no MIT ) , pelas garotas do bar, deu de caras com um tipo muito, mas mesmo muito, parecido com ele. Acenou-lhe e perguntou :"A tua mãe alguma vez serviu no Palácio de S. Bento quando eu era assessor do Francisco?". " Não senhor doutor , foi a resposta, mas o meu pai sim". "Ah!".

Foi nesse preciso momento que entrou o Pacheco Pereira, todo satisfeito da vida, e atira, prazenteiro : " sabem que mais, tenho andado a reflectir. Quando era novo sempre quis ser alguém na vida. Agora gostaria de ter sido mais específico ". O Marcelo Rebelo de Sousa que vinha logo atrás, toca-lhe nas costas : "Isso, na minha análise, cheira-me a coisa ontológica, tipo assim um movimento carismático com que andas a embeber a tua alma, porque afinal és um Pereira, um judeu de pecado original. Não consegues esquecer que os teus ,mataram-NO na Cruz. É uma culpa original. Mas, por outro lado, a culpa não é grande , afinal qual é o problema, só o mataram por uns dias, de sexta a domingo" "Três dias, disse o Pacheco! ". Mas por outro lado, continuou o Marcelo, sempre o podem voltar a matar quando ele descer à Terra como eu previ!" E fixou o olhar de lince no outro. " Olha lá, ó Pacheco que te aconteceu aos dedos ?"
Ninguém tinha reparado mas o Pacheco tinha os dedos todos esfolados: "Como é que queimaste os dedos?". Respondeu o Pedro Santana Lopes carregado de gozo:"A lêr, olha tentou lêr um ferro de fazer bolachas". Ah!

Foi então que entrou o outro Pedro, aquele miúdo... o Pedro Passos Coelho!, com ar de poucos amigos e que também esItálicotava de férias e ia juntar-se ao grupo para assistir no dia seguinte à já famosa conferência de Francisco Louçã na Universidade de Brooklyn..E disse:" - Há uma verdadeira campanha de silêncio contra mim - e prossegiu cravando o olhar cego de raiva em Pacheco Pereira - uma conspiração de silêncio! Que devo fazer, ZÉ?.

E o Zé Pacheco Pereira, depois de reflectir:-"Junta-te a ela!".


E assim foi a noite correndo de mansinho, a aconchegar a lua até de manhãzinha. Era o dia: a Conferência do professor doutor Francisco Louçã!

À entrada o tom estava dado. Milhares transbordavam do anfiteatro para os jardins do Campus Universitário. Elas, de vestidos ora muito curtos ora até ao chão, largueiriços a esconder as formas que desde há trinta anos já não tinham. Mas ainda tinham os mesmos vestidos e aqueles lindos caracóis a debroar carinhas alvas que já tinham sido à Boticelli e os seus anjinhos, nos tempos do make love not war, e assim.
O vozeirão mal encarado do Jerónimo..., o de Sousa!, cortou, como um punhal a placidez do momento de comunhão que se vivia:"- Alguém sabe porque é que deram o nome de Adolfo ao meu gato?"; e logo atrás o Rui Rio: "E, quem é que se lembrou de chamar Boby e Tareco aos meus cães?". Mas a confusão era tanta que para entrar no edifício e arranjar assento na primeira fila não se podia perder tempo com respostas.

Entraram. E o Marcelo encontrou logo o seu lugar marcado ao lado do António Vitorino. Cumprimentou-o, e com um largo sorriso :-"Ouça lá, ó António, quem era aquela senhora que estava ontem no Hotel consigo?". "Não era senhora nenhuma, era a minha mulher". E chega o Sócrates:-"Progra ma de Governo completo, declara ufano, reduzi tudo a um parágrafo para ficar à frente da Manuela, e passa a ser: se se mexe, taxa-se; se continuar a mexer, regula-se; se parar de mexer, subsidia-se!". Ainda bem, diz Durão Barroso acabado de chegar a transpirar como se tivesse saído da sauna:" Vocês sabem quantos neocoms são precisos para atarraxar uma lâmpada? Nenhum, o ex-presidente Bush disse-me que, dentro de três meses, a lâmpada será capaz de se virar a si própria!".

Eis que chega S.Ex. o senhor Presidente Cavaco Silva e a primeira-dama: " Hhhhaaaa, já cá estão, sabem, vinha a relembrar o tempo que passamos em Cambridge quando começamos, sabem, bem...,a namorar. Como tenho tentado dizer aos portugueses, a vida dá muito trabalho e posso até dizer-vos que aqui a minha manelinha se zangou um dia muito comigo, enfim!, e disse-me: olha meu parvalhão que se eu fosse casada contigo havia de te servir um chá envenenado!...,hhhhaaaaaa!, e sabem o que eu disse: ó minha senhora pois se eu fosse seu marido, tomava-o! Hhhhhaaaaaa!

O reitor aproximou-se do micro e o respeito imperou, mas todos se levantaram para dar passagem à Joaninha...a Amaral Dias! que há três semanas treinava o sotaque de Broklyn para com cabelo de carapinha negra ganhar lanço para os bloquistas a quererem pelo círculo de África.

Negrito

" Em algumas línguas ou linguagens já mortas - começou o professor Louçã naquele seu tom que vinha cá tão do profundo da alma e das cordas vocais com falta de ar - uma dupla negativa corresponde a uma afirmativa. Noutras línguas uma, uma dupla negativa, corresponde a uma positiva mais enfática, no entanto, curiosamente, não conheço nenhuma língua em que uma dupla positiva corresponda a uma negativa."

Aplausos rebentaram, mas ainda assim era audível o comentário, na sua nova pronúncia de Brooklyn, de Joana Amaral Dias : "Yeah,yeah".

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