segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UM AMIGO LÚCIDO

O luxemburguês Jean-Claude Juncker, o presidente cessante do Eurogrupo (reunião dos 17 ministros de Finanças da zona euro), resolveu partir, na quinta-feira (10 de janeiro), a loiça no seu discurso de despedida junto da Comissão de Assuntos Monetários e Económicos (ECON) do Parlamento Europeu. “A opção foi fazer recair o ajustamento nos mais fracos”, “tenho dúvidas” do ritmo de ajustamento que foi “imposto em certos países” e “subestimou-se o drama do desemprego”, disse o luxemburguês que vai com alta probabilidade passar a pasta ao ministro das Finanças holandês Jeroen Dijsselbloem, membro do Partido do Trabalho e governante desde novembro de 2012.
Juncker abandona o cargo na reunião do Eurogrupo de 21 de janeiro depois de ter estado à sua frente desde 2005. Nesta despedida, confessou que o poder, depois de tanto tempo, “perdeu toda a sua dimensão erótica”. “Se o meu país me reeleger, disse mais tarde aos jornalistas, serei um homem livre para poder exprimir os meus próprios pontos de vista sobre os assuntos europeus”.
Na quinta-feira, ao longo de 90 minutos, o primeiro-ministro e ministro das Finanças do Luxemburgo, desencadeou um “ataque furibundo” – como titulou o jornal espanhol Cinco Días – à linha dominante na estratégia europeia em relação à gestão da crise das dívidas soberanas.
Em Portugal o principal eco da sua intervenção perante o Parlamento Europeu centrou-se na sua resposta a uma pergunta colocada pela deputada portuguesa Elisa Ferreira, em que Juncker adiantou que por diversas vezes propôs que houvesse uma alteração no que toca às condições financeiras e orçamentais que acompanham o ajustamento, como parte de “um sistema de recompensa” – sem qualquer conotação “paternalista”, frisou – para os países que cumpriram os objetivos nos planos de resgate.

Sem comentários:

Enviar um comentário