segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A MARIA DA FONTE

Hoje, diz-se, comemora-se a implantação da República.
E o ambiente é triste. Parece que já não há republicanos capazes de dar a vida pela causa.
O Presidente da República, manifestamente tenso, afastou-se do primeiro-ministro, como um soberano  zangado com ele e o povo que o elegeu.
Mais um ou dois discursos tão delirantes como o de terça-feira do Presidente da nossa República, e temos de olhar para a Causa Monárquica como uma opção.

Já aqui o sugeri, com a reserva de nunca, como psiquiatra, ter observado o professor Cavaco. Mas parece uma pessoa doente. Na Monarquia quando isso acontecia era implícita a destituição. Na República este caso não está claro aos olhos dos portugueses ( apesar de previsto na Constituição) porque parece que, por apenas cinco anos de presidência, é caso que não se põe. Mas põe!

E o pior é que não é novidade a tendência para a intromissão activa dos presidentes na vida ideológica e normativa dos portugueses. Foi assim com Eanes, Soares, Sampaio..ou Cavaco. E vai continuar a ser assim enquanto para alguém poder candidatar-se,  ter de se ser conhecido por ter uma carreira num partido político. É por isso que após as eleições, os eleitos, todos eles, fazerem questão de dizer que são o Presidente de todos os portugueses. Pela mesma razão que o meu pai me explicava que quando um ministro das finanças diz que a inflação está absolutamente controlada, é porque ela já subiu.

E tudo isto é mais grave dada a ideossincrasia do Ser Português. Na verdade, em Portugal tudo o que acontece não morre de morte natural, tão pouco de morte valorosa: em portugal murcha-se. Quando vemos como ocorreu o 5 de Outubro, percebemos que não foram os republicanos que impuseram a República, mas a ausência de convicções monárquicas. Como o 28 de Maio de 1926 que abriu portas à  ditadura do Estado Novo ocorreu por demissão dos democratas. Bem como o 25 de Abril que só foi possível pela degeneração do Estado Novo que nem aos seus próceres encantava.

Mas a coisa vem de trás, quando, em plena guerra da Patuleia, três potências -Inglaterra, França e Espanha - decidirram, muito calmamente por nós-, que o nosso país seria governado pelos cartistas em vez dos setembristas. E quem eram uns e outros? Uma enorme confusão de gentes que, objectivamente não sabia, em concreto , o que queria. Se Presidente ou Rei, se outra coisa qualquer.E, na Casa Branca, em1847, junto a Crestuma, no Douro, nos obrigaram assinar a Convenção de Gramido.

Ou muito me engano ou, nos próximos anos vamos assistir à discussão sobre a natureza do regime - à medida da degenerescência do actual.

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