No dia em que o custo dos credit default swaps (cds, derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de incumprimento) ligados à dívida soberana portuguesa ultrapassaram o limiar dos 1000 pontos base, fixando um máximo de valor de fecho em 1023,63 pontos base, convém recordar o filme da evolução do custo dos cds e da probabilidade de default a ele associado.
Segundo dados da CMA DataVision, podemos reconstruir o filme referindo os dados relativos ao primeiro e último trimestres desde 2009.
1º trimestre de 2009: o risco de default finalizou em 11,7%, o custo dos cds fecharam em 139,6 pontos base, e Portugal ocupava o 25º lugar no ranking dos países com maior probabilidade de entrar em incumprimento.
4º trimestre de 2009: o risco baixou para 6,2%, o custo dos cds contraiu-se significativamente para 74 pontos base, e Portugal desceu substancialmente para 47º lugar no ranking. Aparentemente, nada faria prever a tormenta que se desencadearia no ano seguinte.
1º trimestre de 2010: o risco subiu de novo para 11,7%, o custo dos cds estava em 139,6 pontos base e Portugal subiu para 26º lugar, uma situação quase similar à do início de 2009. Neste trimestre, a Moody’s a 13 de janeiro veio falar da “morte lenta” da Grécia e de Portugal, amalgamando as duas situações, apesar da Grécia ter 25% de risco e estar em 9º lugar no ranking.
4º trimestre de 2010: o risco continuou a subir e fixou-se em 35,9%, o custo dos cds aumentou para 497,3 pontos base, e Portugal galgou 22 lugares no ranking, posicionando-se em 4º lugar (depois da Grécia, Venezuela e Irlanda).
1º trimestre de 2011: o risco prosseguiu a subida até 40,1%, o custo dos cds passou para 578,6 pontos base, e Portugal conservou o 4º lugar no ranking.
Hoje, já depois da assinatura do memorando de entendimento com a troika em maio, o risco de default fechou em 57,01%, o custo dos cds em 1023,63 pontos base (tendo estado inclusive ao final da manhã em 1065,49 pontos base antes do “efeito Trichet”), e Portugal subiu para o 2º lugar do ranking.
No espaço de dois anos e meio, o custo dos cds multiplicou por 7 vezes e a probabilidade de default aumentou quase 45 pontos percentuais, ou seja multiplicou quase por 5.
Nota: do primeiro ao quarto trimestre de 2009 a situação portuguesa melhorou muito, como se pode ver. Foi o ano em que Sócrates dizia que as coisas estavam melhores. Não previu Sócrates que 2010 seria uma desgraça - como nenhum primeiro - ministro do mundo. Mais: por concertação europeia foi decidida uma política keinesiana com aumentos de todo o tipo de subsídios em toda a Europa. Provavelmente porque isto foi feito simultaneamente por todos mais o Japáo e os USA é que estamos assim. Conclusão: é melhor chamar a Maya para chefe de gabinete do PPC até ao final do próximo ano. Depois tenho esperanças que Sócrates já cá esteja.
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