sexta-feira, 22 de julho de 2011

ALGUNS DETALHES

O Institute for International Finance divulgou a “oferta” de reestruturação “voluntária” da dívida grega por parte de um grupo de instituições financeiras privadas. Serão 54 mil milhões entre meados de 2011 e meados de 2014. Aguarda-se a reação das agências de notação.
Um grupo importante de credores privados da dívida grega – designados, agora, na linguagem eurocrata pelo novo acrónimo PSI (private sector involvement) – divulgou, através do Institute of International Finance (IIF), um lóbi global de banqueiros, a sua proposta de “oferta financeira” à Grécia, no âmbito da estratégia definida quinta-feira pela cimeira europeia.
A reestruturação desta parte da dívida grega implicará uma “contribuição de €54 mil milhões de meados de 2011 a meados de 2014 e, no total, um valor de €135 mil milhões entre meados de 2011 e o final de 2020″, lê-se no comunicado divulgado pelo IIF.
A chanceler alemã Angela Merkel falou de “€106 mil milhões até 2020″ e o presidente francês Nicolas Sarkozy em €135 mil milhões a “30 anos”. Segundo o comunicado final da cimeira europeia, fala-se de “uma contribuição líquida do sector privado estimada em €37 mil milhões” para o período de 2011 a 2014, a que se junta um programa de recompra de títulos no valor de “€12,6 mil milhões, dando um total de €50 mil milhões”. Acrescenta, ainda, em nota o comunicado que “para o período de 2011 a 2019, a contribuição líquida total do envolvimento do sector privado é estimada em €106 mil milhões”.
Os banqueiros oferecem, ainda, à Grécia uma “melhoria significativa do perfil da maturidade da dívida grega, aumentando a média das maturidades de 6 para 11 anos”. Ou seja, há um re-escalonamento global que permitirá a extensão de mais 4 anos em média para o vencimento dos títulos.
21% de perda de valor líquido
Este programa de reestruturação e reescalonamento de parte da dívida grega desdobra-se em quatro instrumentos financeiros; dois deles de troca de títulos com uma maturidade de 30 anos; e outros dois de troca de títulos com um desconto que implicará uma redução da dívida grega em €13,5 mil milhões. Segundo, ainda, o comunicado do IIF, os quatro instrumentos resultarão numa perda do valor líquido presente de 21% baseada numa taxa de desconto de 9%.
Dentro da linha de comunicação definida pela cimeira europeia no sentido de convencer os mercados da dívida soberana de que se trata de uma estratégia especificamente para a Grécia, que não fará escola para outros casos nem será repetida para o próprio caso grego, o IIF também afirma que se trata de uma “oferta única tendo em conta as circunstâncias excecionais da Grécia”. O comunicado da cimeira explicita que “todos os outros países membros do euro reafirmaram solenemente a sua determinação inflexível para honrar totalmente” as dívidas soberanas em cada caso.
As 30 entidades que assinaram esta “oferta” incluem 5 bancos e seguradoras alemãs (Allianz, Munich Re, Deutsche Bank, Commerzbank e Bayer LB), 5 bancos gregos e um cipriota, 3 bancos e seguradoras francesas (BNP Paribas, AXA e Société Générale), 3 entidades suíças (Swiss Re, Zurich Financial e Crédit Suisse), 2 entidades italianas (Generali e Intesa SanPaolo), 2 bancos do Reino Unido (HSBC e Standard Chartered), e mais 9 países (Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Espanha, Holanda, Koweit, Peru, Suécia, Turquia) com uma entidade envolvida. A Espanha participa através do BBVA.
Trichet e Comissão Europeia: o discurso da excecionalidade do envolvimento privado
O responsável do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, em conferência de imprensa após a cimeira europeia, considerou o envolvimento privado como “excecional”, “voluntário” e desenhado “unicamente” para a Grécia. Ou seja, esta solução é pensada como não sendo “automática” para outros casos.

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