segunda-feira, 11 de julho de 2011

ESPANHA SOB ATAQUE

Num dia marcado por mais um crash na bolsa madrilena na ordem dos 2,7%, por um disparo jamais visto dos juros das obrigações espanholas negociadas no mercado secundário e por uma subida da probabilidade de default da dívida soberana do nosso vizinho para quase 27%, Santiago Niño-Becerra, o polémico professor de Barcelona, acha que como “Espanha é demasiado grande para cair e para ser resgatada, irá sendo aguentada até que em janeiro se comecem a tomar decisões globais a partir de uma análise e de decisões a assumir entre setembro e dezembro deste ano”.

Becerra vê o filme atual como um processo em que se está “improvisando”. O momento da verdade chegará “em setembro ou outubro quando se tiverem todos os dados em cima da mesa”. “A partir de aí atuar-se-á em Espanha e em todas as economias”, acrescenta.

O professor de Estrutura Económica da Faculdade de Economia da Universidade Ramon Llull, em Barcelona, tem uma opinião muito clara sobre o que se passa na zona euro: “este mês e os seguintes vão ser um pim-pam-pum, uma sequência de mal para pior para péssimo”, até que, depois do verão, chegará o veredicto: “O modelo tem cancro terminal”. E acrescenta: “A única forma de poder superar um cancro é assumir que se tem, ainda que, nessa ocasião, a solução seja eliminar este modelo e passar a outro”.
Becerra conclui que chegará a altura em que se terá de assumir que “ninguém pode pagar tudo o que deve, nem a Grécia, nem ninguém”.

Juros a 10 anos fecham acima de 6%

Pela primeira vez, desde 1997, que as yields (juros implícitos) das obrigações espanholas (OE) com maturidades a 10 anos não passavam a barreira dos 6%. Aconteceu hoje o que deixou em estado de choque os meios financeiros espanhóis. Os juros das OE a 10 anos fecharam em 6,03%.

O disparo nos juros verificou-se ao longo de todo o dia. Apenas no caso italiano se verificaram subidas diárias maiores. Os juros a 2 anos das OE dispararam 12,5%, os a 3 anos 12%, os a 5 anos mais de 9% e os a 10 anos mais de 6%, segundo dados da Bloomberg.

A probabilidade de incumprimento da dívida espanhola subiu, também, para novo máximo. O custo dos credit default swaps (seguros contra risco de incumprimento) superou os 341 pontos base e o risco de default subiu para 26,44%, quase 2 pontos percentuais acima do fecho na sexta-feira, segundo dados da CMA DataVision. A Espanha conserva o 8º lugar no “clube” dos 10 países com maior risco de default.

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