António Sousa Uva é professor catedrático na Escola Nacional de Saúde Pública e o maior especialista português em medicina do trabalho.
Com ele, quando desempenhava funções no Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos e também quando presidi ao Conselho Distrital do Porto da mesma, trabalhei na feitura dum relatório que foi por nós os dois apresentado ao Ministro da Saúde do PPD (e depois do BPN....), Arlindo de Carvalho. Nesse relatório estudavamos as exigências da profissão médica, as taxas de gases anestésicos nos blocos operatórios ( que nessa altura até anestesiavam os anestesistas...) e escalonávamos as respectivas especialidades por níveis de stress - o que justifica que tivessemos concluído que os médicos em geral têm uma esperança de vida inferior em cinco(!) anos comparativamente aos outros portugueses com diplomas clássicos ( advocacia, engenharia, economia, etc.).
Claro que aquele ministro com olhos de gato (e a gente sabe como são os gatos), não nos ligou nada ( nem à Ordem dos Médicos que representávamos ), mas considerou ( com que critério a não ser o do presidente do sindicato dos enfermeiros de então?, que era outro conhecido PPD e assim...) que alguns enfermeiros podiam trabalhar de ano para ano menos horas porque tinham uma profissão de desgaste!.
Bom. O que agora quero dizer é que o Sousa Uva ( que não gostava lá muito do cherne de águas profundas de que gostava o seu cunhado José Manuel Durão Barroso ) prosseguiu com um imenso rigor metedológico o seu trabalho, e descobriu que em Portugal há entre 4 e 5% de mobbing ( assédio moral, perseguição e humilhação dos trabalhadores no local de trabalho por parte dos patrões ou superiores), contra os 17 (!,não há engano...) por cento apontados aos países nórdicos.
Como não há sol na eira e chuva no nabal ao mesmo tempo, ficamos agora a perceber melhor uma das razões da produtividade nórdica. Agora só temos é de decidir se queremos tanta produtividade assim, ou não. Se não quisermos também já sabemos o que nos vai acontecer.
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