sexta-feira, 23 de julho de 2010

OBESIDADE MENTAL

A Obesidade Mental – Andrew Oitke

Por João César das Neves - 26 de Fev 2010

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity»,
que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.

Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema
da sociedade moderna.

«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação
e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de
preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que
de hidratos de carbono.

As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.

Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas

e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas

e realizadores de cinema.

Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as

revistas e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola.

«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se

comerem apenas doces e chocolate.

Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a
dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,
videojogos e telenovelas.

Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam
depois uma vida saudável e equilibrada.»

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:

«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.»

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.

«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para
que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.

«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.

É só uma questão de obesidade.

O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.

O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.

Precisa sobretudo de dieta mental.»

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