quinta-feira, 8 de julho de 2010

A ARTE E DEUS

Sou autor da única teoria da personalidade que serve de base a uma psicoterapia portuguesa, produzida por portugueses ( dentre as cerca de uma centena de psicoterapias existententes desde a  de Freud ).
Como em tudo na vida, há na psiquiatria uma "ecologia psiquiátrica", ou seja, pretender que uma corrente psicoterapêutica produzida no Uzbequistão ou nos Estados Unidos para uzbeques ou americanos, é tão boa para os portugueses com o seu peculiar modo de ser, como um bom " constructo" psiquiátrico  produzido por um português, é ignorância.
Na minha teoria da personalidade , como já aqui afirmei em anterior "post", aquilo que - se pegarmos na pirâmide de Maslow -é mais distintivo da espécie humana, é um conjunto de temas: o sentido da busca existencial, a busca do estético e do ético, a busca da religião, o pró-agir, e o sentido do humor.

Dois destes temas são particlarmente importantes para mim: a busca do sentido estético e a descoberta do sentido do humor.

Acontece que , em Barcelona, está há um século em construcção a catedral da Sagrada Família, que é hoje um ponto turístico para quem visita a cidade. Está actualmente a ser construída , em parte, com as dádivas dos visitantes que são às dezenas de milhares por ano.

Durante a República espanhola que antecedeu a revolta dos militares de Franco e outros generais e culminou com a guerra civil espanhola, várias vezes a catedral em construcção esteve em vias de ser destrúída à bomba pelos anarquistas e pelos republicanos.

Foi nessa altura que Salvador Dalí, que muito apreciava o génio de Gaudi, seu arquitecto, a que se seguiu o discípulo japonês Etsuroo Sotoo, foi inquirido por um jornalista ateu : era Salvador DaliÍ crente praticante?. A resposta foi à Dali: "Não sou crente mas sou praticante!.

Ou seja, DalÍ assumia-se como praticante da  beleza ( estética ) e do sentido de humor, já que invertia o sentido da questão : haverá alguém que possa ser crente não praticante?. E ainda por cima, Dalí não só reagiu, mas pró-agiu, deixando o jornalista perplexo perante uma questão , para ele, totalmente nova.

É por estas e outras assim, que os génios da arte podem ser demónios, mas sendo que os demónios são uma espécie dos anjos, são sempre ou anjos ou arcanjos.

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