Exposição da banca portuguesa aos outros PIIGS é mais de 1/5 do PIB
Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Gestão do risco , Globalização , Inteligência Económica , O novo capital financeiro , crise
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A exposição da banca portuguesa a Espanha, Grécia, Irlanda e Itália era de 53 mil milhões de dólares no final de 2009. O equivalente a 23% do PIB desse ano. Mais de metade dessa exposição era relativa a Espanha. Trocado por miúdos: se houver gripe suína nos outros “colegas” do grupo, os créditos que a banca portuguesa tem a haver entram em choque. E vice-versa. É uma teia bem tecida.
A exposição agregada da banca portuguesa a “residentes” no grupo mais frágil da zona euro, denominado humoristicamente por PIIGS (acrónimo em inglês para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), totalizava 53 mil milhões de dólares, em valores consolidados, no final de Dezembro de 2009, segundo dados do Bank for International Settlements (BIS), recorda, esta semana, o relatório do Fundo Monetário Internacional sobre a “saúde” da economia da zona euro.
Esse montante equivalia a 23% do nosso produto interno bruto (PIB), um valor relativo elevado só ultrapassado pela banca da Irlanda, cuja exposição aos outros PIIGS correspondia a 91 mil milhões de dólares, ou seja 40% do seu PIB. O peso da exposição dos bancos espanhóis ou italianos aos outros PIIGS era de 10% e 3% do PIB respectivamente. O relatório do FMI não fornece dados da exposição da banca grega.
A maior fatia da exposição da banca portuguesa aos outros PIIGS dirige-se a Espanha (55% do total), seguida da Grécia (19%) e da Irlanda (16%). Por seu lado, os bancos estrangeiros mais expostos a Portugal são os espanhóis que contam com 36% do total da exposição estrangeira a Portugal. O que revela um cordão umbilical de exposição entre os dois sistemas financeiros. Na lista de exposição a Portugal seguem-se, depois, a alguma distância, os bancos alemães (19,7%) e os franceses (18,9%).
A exposição da banca estrangeira a Portugal somava, no final de 2009, 238 mil milhões de dólares, mais do que a exposição da banca estrangeira à Grécia (que somava 199 mil milhões).
A banca mais exposta aos PIIGS era a francesa (quase 900 mil milhões de dólares, o equivalente ao PIB do México que foi, em 2009, a 14ª economia do mundo), seguida da alemã (mais de 700 mil milhões de dólares). Compreende-se, por isso, a “sensibilidade” da banca francesa e alemã ao que se passa no grupo com maiores probabilidades de default dentro da zona euro.
O país do grupo dos PIIGS com maior exposição da banca estrangeira, no ano passado, foi a Itália (1 bilião de dólares em valores consolidados).
Se a banca portuguesa estava mais exposta a Espanha, e a espanhola a Portugal, a banca irlandesa estava exposta sobretudo a Itália, e a italiana a Espanha. Uma malha bem tecida, em que um resfriado em qualquer um dos PIIGS se repercute em cadeia. No caso da Irlanda, a banca estrangeira mais exposta é, naturalmente, a do vizinho inglês.
Nota: Nos “residentes” incluem-se os sectores bancário e não bancário privados e o público. Por “exposição” entende-se créditos sobre residentes daqueles países.
Fonte: FMI, Country Report 10/221, 22 de Julho de 2010, Economic Health Check, Parte B, página 6, quadro “Bank Exposures to Selected Countries”, Dezembro de 2009.
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