Jul 2010
Portugal entre os mais “virtuosos” no ajustamento – e esta…hem? – diário de bordo 113
Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Gestão do risco , crise
Numa comparação dos pacotes de austeridade para ajustar os orçamentos na União Europeia, o académico italiano Paolo Manasse (que entrevistei para o tema da “arqueologia” dos defaults) considera Lisboa, Bruxelas e Londres os mais “virtuosos”. Pelo menos nas promessas de ajustamento. Restará, depois, ver a concretização.
Portugal tem o plano de ajustamento mais “virtuoso”, quase dois pontos percentuais do produto interno bruto acima do esforço de um hipotético país “médio” que iniciasse um plano de ajustamento em 2009 em condições de dados económicos fundamentais similares, se excluirmos do modelo de benchmark a Grécia que está sob intervenção do FMI e de Bruxelas. O que é surpreendente. Mais “virtuoso” mesmo do que a Espanha ou a Itália. E é logo seguido da Bélgica, que, no dizer do exercício de comparação, “excede, também, em disciplina, provavelmente para tentar, com todas as suas forças, não acabar no clube dos PIIGS”.
Se a Grécia for incluída na construção do modelo para as medidas de 2010-2015, os mais “virtuosos” são a
Bélgica e o Reino Unido, logo seguido de Espanha e Portugal.
O exercício foi feito pelo académico Paolo Manasse, professor de Economia da Universidade de Bolonha, e publicado no La Voce Info, bem como no seu blogue pessoal (Black-of-the-envelope Economics), com um título bem sugestivo: “Virtuosos e Preguiçosos nos cortes do orçamento”. “[O caso português] é, sem dúvida, o ajustamento mais ambicioso, se excluirmos a Grécia da construção do modelo. A minha comparação analisa os cortes nos orçamentos que estão planeados. Resta ver se os governos, depois, cumprem o que prometem”, diz-nos Paolo Manasse, professor de Economia na Universidade de Bolonha.
Entre os “virtuosos” encontram-se, ainda, a Holanda, a Alemanha e a Grécia. Entre os “preguiçosos” contam-se o super-preguiçoso, a Itália, e dois mais moderados, a Áustria e a Eslováquia. A Irlanda não conta, dado ter efectuado os cortes orçamentais antes de 2010, refere o estudo.
O artigo de Manasse dirige-se ao público italiano e procura mostrar que o esforço de ajustamento planeado para 2011-2013 pelo governo de Silvio Berlusconi na ordem de €62 mil milhões em cortes na manovra finanziaria para esse triénio (e aprovado hoje pelos deputados da Câmara Baixa do Parlamento por 321 contra 270 votos e 4 abstenções) está abaixo do que deveria ser “para estar em linha com o esforço de consolidação europeu”. Necessitaria de um reforço de cortes em mais 2,4 a 2,7% pontos percentuais do PIB até 2015, diz Paolo Manasse.
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