quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ah, GRANDE MARINA!

Embora discorde de Marina Costa Lobo que considera que a decisão do Governo português de vetar a aquisição da Vivo pela Telefónica foi apenas um golo (político) de Sócrates, como a breve trecho se verá, vale a pena ler o artigo que escreve no Jornal de Negócios. Eis um excerto:

‘Vejamos como reagiram os partidos: O PCP apoiou o veto do governo, embora considere que só o controlo público da PT é que impedirá a "sede de lucro" dos accionistas. Francisco Louçã, em nome do Bloco de Esquerda disse que o Governo tem a obrigação de "enfrentar" a Comissão Europeia para evitar a protecção dos interesses da Telefónica ao defender o controlo público do grupo PT. Ambos no seu melhor: contra-vontade, não vá alguém pensar que apoiam a decisão do Governo, apoiaram a decisão do Governo.

Mas talvez mais importante de notar (além do silêncio do Presidente da República) é a reacção do CDS-PP. Paulo Portas proferiu as seguintes declarações à Rádio Renascença: "Eu não vou fazer oposição com o uso da 'golden share', porque tenho sentido de Estado e sei que se a situação for ao contrário, ou seja, se uma empresa portuguesa quisesse comprar o maior activo de uma empresa espanhola, por exemplo, na América Latina, provavelmente, o Estado espanhol faria o que fez o Estado português".

Porque é que os partidos se posicionam assim? Esta é uma questão que politicamente tende a unir toda aquela Esquerda que desconfia dos benefícios da globalização com a Direita defensora de um Estado que represente um Estado-nação forte e independente. Juntando estes dois eleitorados, temos praticamente todo o País, com excepção dos liberais, que ao que parece estão desproporcionalmente representados nas elites políticas do PSD (mas não no seu eleitorado). O único líder que se afirmou contra o veto foi Passos Coelho.

Tomar uma decisão que agrada ao eleitorado não é o mesmo que populismo. Afinal de contas, os chefes de governo são eleitos para representar os interesses dos cidadãos. Se todos os centros de decisão saírem de Portugal, isso será no interesse público? Este tipo de intervenção do Estado é comum noutros países e marca o enorme esforço que os Estados hoje travam com as pressões económicas globais. Esforço inglório, talvez. Mas que não deixa de ser travado um pouco por toda a parte, inclusive nos EUA.’

Sem comentários:

Enviar um comentário