quinta-feira, 27 de maio de 2010

O FIM DO EDUQUÊS E AS CONSTANTES DA HISTÓRIA

A minha ex-mulher era uma mulher muito bonita, com melhor inteligência ( a racional ) que a minha,  mas com um conjunto de sem valores a que seconvencionou chamar de moda.
Era uma mulher da moda.

A minha ex-mulher educou os meus dois filhos na moda que fazia, ao tempo histórico que corria. Ou seja, a minha ex-mulher, que era uma muito boa médica e até boa pessoa, entrou em conflito comigo a propósito da educação dos filhos porque eu não sou um homem de modas. Ainda me lembro de expressões dela muito comuns como: -" Mas toda a gente faz assim!...".

Como a minha ex- mulher não se entendia comigo , nem eu com ela, a propósito da educação dos comuns filhos, eu abdiquei da minha parte na sua educação porque mais vale uma educação mesmo que estúpida do que duas , ao mesmo tempo e divergentes, que são ,por issso susceptíveis de provocar esquizafrenia nos educandos ( havia terreno genético para isso suceder ). Por isso e até à terceira reprovação do mais velho eu via as coisas ocorrerem....mas calava.

Até que  o meu filho mais velho reprovou pele terceira vez. Aí, fiz um diktact  à minha ex-mulher e ela rendeu-se: era eu a educar os filhos, apoiando-me ela sem fazer sequer perguntas à frente deles, e em troca, eu tentaria que a reprovação já na pauta fosse revogada. Depois de um requerimento à Directora do Colégio em que em quatorze páginas expunha as fragilidades do meu casamento, me propunha  corrigi-las e com isso recuperar a todos os níveis o mais velho, consegui que de quatro cadeiras reprovadas a pauta fosse corrigida para apenas duas, o que permitiu que o 9º ano fosse dado como cumprido!

Esta capacidade que finalmente tinha para educar ( também ) os meus filhos durou uns dois anos, findos os quais a mãe não resistiu a intervir ao ponto de me obrigar a deixar ( porque não queria filhos esquizofrénicos ) de intervir na sua educação. E como disse, a minha ex-mulher que era uma pessoa de modas, lá voltou às dela: a autoridade pais/filho volatilizou-se, a mãe diluiu-se com os filhos como se de três irmãos se tratasse fazendo-se cúmplices uns dos outros, a liberdade com responsabilidade deu lugar à liberdade sem responsabilidade, a vida corria alegremente sem ao menos se lêr a primeira página dum jornal, o ostracismo do pai era visto com a naturalidade com que se manda à merda um trapo velho de ideias feitas, o facilitismo, mesmo na escola, tomou o lugar do trabalho natural.

Pelo meio, não resisti, e continuei, apesar de tudo, a apoiar os dois filhos: consegui, por exemplo uma transferência duma universidade privada péssima e onde dificilmente chegariam ao fim do curso de psicologia porque a norma era chumbar para manter os alunos, para outra melhorzinha; e fui dando-lhes apoio científico,quando podia e me deixavam, numa  área em que fui professor universitário: psicologia.

É aqui que entra a história relatada aqui mesmo há dois dias de os meus filhos recusarem empregos porque não perceberam que já eram largamente beneficiados por terem um curso que ,não houvesse dinheiro em casa, não poderiam tirar. Com a maior das naturalidades e sem o saberem já tinham interiorizado a "história" dos direitos adquiridos, tão do agrado da mãe que achava que a história andava sempre em linha recta e a direito.

Pois não andou nem vai andar na próxima geração, infelizmente. E por isso, a capacidade de em cada momento histórico nos interrogar-mos se vai ser sempre assim, ou a flexibilidade para aceitarmos novos desafios e outros trabalhos, ou conseguirmos vêr em qualquer trabalho dignidade e não no lazer e não fazer, tudo isto e muito mais como a noção da necessidade de preservar valores intemporais ( mesmo que muitas vezes os não sigamos ...) que é coisa básica para a nossa sobrevivência ontogenética ( ao longo da vida da pessoa) e filogenética ( ao longo da vida da nossa espécie, ou para sobrevivermos como espécie) - tudo isto se perdeu e não foi interiorizado pelos meus filhos. Penso que pelos dos outros também não, mas com a desgraça alheia posso eu bem.

Foi a pensar em tudo isto que a primeira e última sova que dei ao meu filho (à minha filha não dei nenhuma), foi nos seus oito anos de idade por, em Cinfães, no nosso cabanon, me ter passado dos carretos quando descobri que o meu filho não sabia a tabuada dos três. No dia seguinte, porque não há pai que por gostar dos filhos se não exceda, fui procurá-lo e levei a palma da mão dele à minha cara, simulando uma bofetada no pai por me ter excedido. A mãe achou tudo muito mal e justificou que já não se usava saber de cor a tabuada.

Não foi assim com qualquer espanto que vi escrito no último EXPRESSO por Nicolau Santos, que na Índia é obrigatória a tabuada dos vintes. Ou seja, as criancinhas indianas que dão os melhores intelectuais de software do mundo, sabem de cor e salteado quantos são 19 vezes 18=. Voçê sabe?
E não aceito que me digam que , se calhar, gente assim não é feliz, porque as gentes formatadas pelas Anas Benaventes e pelos Danieis Sampaios desta vida não conseguem ser felizes se não ganharem muito dinheiro com pouco trabalho " porque na escola é preciso aprender mas só com prazer !" ( e para ganhar dinheiro vai ser preciso bater aos pontos criancinhas indianas, chinesas e por aí fora ). E a minha ex-mulher concordava.

É assim, por estas e por outras de que voltarei a falar, que me sinto revoltado porque a minha cosmovisão pessoal que não passou para os filhos também não vai passar para o meu neto. Porque a Lei portuguesa não me dá esse direito!

E , naturalmente, porque às vezes me esqueço, Madeira e , sobretudo, China, Delenda est!

1 comentário:

  1. Meu Querido Amigo!

    A lei portuguesa não é equitativa... para não te dizer que, só protege quem não deve....
    Queres uma petição? inicia... eu asseguro 1 000 indivíduos - porque tens direitos - que devem ser consagrados, de amor de avô, lindoooooooooooo!!!! Meu Deus! Quem não adoraria ter um avô como tu!!!
    Para que o teu neto, tal como nós, possa e deva adorar a partilha dos teus conhecimentos e desfrutar do teu saber!!!! Ah! mas não te esqueças que aqui estarei para lhe contar das coisas más : -( como esse mau feitio............ X Elisete

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