Retenho da visita Apostólica de Bento XVI a Portugal quatro mensagens especiais
1. É urgente recristianizar a Europa mergulhada, genéricamente, num adormecimento religioso mas ( como pretendi mostrar num "post" anterior ) sedenta de Fé. Até porque só a matriz cristã de toda a Europa lhe pode servir de ideal natural de comunhão entre nações num futuro próximo.
2. Essa Fé não pode ser nenhuma forma de Yoga por mais introspecção que esta proporcione, mas antes uma radical busca da espiritualidade - única diferença sensível entre humanos e não humanos - coisa que muitas vezes foi necessário reactualizar no nosso passado Histórico, mas desta vez envolvendo a Cultura ( é necessério que o Bem se acompahe do Belo - cito de cor palavras do Papa).
3. Os ataques à Igreja vêm de dentro, pelo que o aproveitamento serôdio dos crimes e pecados de pedofilia, por parte dum certo laicismo que assenta no relativismo filosófico, na flexibilidade moral, e num hedonismo sem regras ( é que o hedonismo grego tinha regras, pois é!) é tão fútil como gratuito e como inútil já que a Igreja vai continuar a actuar, deixando os factos mais transparentes que nunca.
4. Aquilo que fez universal a Igreja Católica ( do latim catholicu = universal), foi a conservação de valores seguros que são os permanentes em qualquer fase da condição humana, mesmo que contra todas as modas e movimentos culturais instalados, o que implicando recusas, implica sofrimento purificante. Não que o Papa deseje pôr-nos todos a gritar ( de sofrimento ) por socorro! Mas antes porque são sempre as grandes crises ( palavra que no grego tanto quer dizer sofrimento como oportunidade ) que nos impelem a um comportamento ascético de sondagem sobre como, cada um de nós diferentemente na forma mas em comunhão na essência ( nos valores ), pode encontrar o sentido da sua existência. Este sentido,digo-o como psiquiatra que construiu uma teoria da personalidade, este sentido da existência, anda de braço- dado com a ética, a estética, o sentido do humor, o livre-arbítreo, a pró-acção ( e não só a re-acção ), o projecto existencial - o que só é possível no cadinho da religião ( de re-ligare ,ou voltar a ligar-nos ao que nos transcende ). Tudo isto o Papa disse em três dias.
Por tudo isto habemos Papa!
Mas é importante uma apreciação sobre o pecado da pedofilia.
No avião que o trouxe a Portugal, o Papa que está rapidamente a aprender a comunicar, falou aos jornalistas de modo informal e disse-lhes que os ataques à Igreja vinham de dentro da Igreja, ou seja os pecados gravíssimos de padres ou bispos pedófilos é que eram o problema . E falou-lhes mesmo em justiça ( não se referia à Divina mas à da ordem civil a que nenhum cidadão deve poder escapar). Com isto ficou claro o seu pensamento:
Na ordem civil a pedofilia é um crime ( é certo que há cem anos e em épocas o não foi, mas hoje é-o e gravíssimo ; o juízo que as pessoas comuns dele faziam variou muito ao longo da História das Civilizações e Culturas, mas é um crime e isto é pacífico no Séc.XXI.
Na ordem da moral católica a pedofilia é um pecado muito grave.
Tudo isto está interiorizado na. consciência dos cristãos.
Mas a onda de " escândalo " nos media , obrigou o Santo Padre a dizer isto mesmo com cristalina clareza.
O que significa que no plano temporal as coisas tratam-se duma maneira e no plano espiritual de outra completamente diferente. No plano temporal a pedofilia trata-se como um crime e julga-se nos tribunais; no plano espiritual a pedofilia trata-se como um pecado que gera culpa. As dimensões temporal e espiritual são complementares mas só isso. Aqueles que parecem muito interessados na separação entre Estado e Igreja, no laicismo, aparecem agora neste admirável mundo novo a exigir ( esta gente tende a exigir sempre ) um tratamento temporal aos Poderes espirituais. Da mesma forma que seria esquizofrénico pedir ao Poder temporal que tratesse do assunto com métodos espirituais.
Não se importando agora da separação de águas entre os Poderes do Estado e os Poderes da Igreja que andam há um século a exigir...Curiosamente tudo isto me faz recordar a visita de Paulo VI a Fátima ( como o Papa fez então questão de frizar, que não a Portugal ). A visita demorou muito a preparar porque Portugal tinha perdido Goa, Damão e Diu na Índia , e Paulo VI pouco depois resolvera visitar aquele país. Salazar não gostou e o Ministro dos Estrangeiros Franco Nogueira fez saber ao Núncio que considerava tal acto gratuito e estúpido. Quando finalmente PauloVI veio a Fátima ( que não a Portugal ) Salazar mandou um avião da TAP para o transportar. Mais tarde o meu pai contar-me-ia que o avião tinha sido batizado "DIU " de propósito!.
Pois bem, será o regresso às confusões entre Estado e Religião que se pretende?
Em boas verdade eu não alinho em teorias da conspiração e por isso acho que o alinhamento da imprensa na ventania contra a Igreja deve-se exclusivamente à ignorância. Ao invés de mostrar como a sexualidade desenfreada é parte do problema, revistas como a "Der Spiegel" ou a "Sábado", escondem que os crimes hediondos vão contra o ensinamento e as estruturas hierárquicas da Igreja insinuando que tais ensinamentos e estruturas são causas dos crimes!
Pois muito bem, fiquem-se com esta senhores jornalistas que não fazem trabalho de casa: de 1995 até ao presente, houve na Alemanha 210 mil casos de abusos sexuais de menores. Destes, sòmente 94 envolveram o clero, ou seja 0,044% do total ( dados colhidos do artigo de José Carvalho, publicado no último nº do Expresso ).
Mateus, 18:6 " Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fôra que lhe atassem ao pescoço a mó de um moínho e o lançassem no fundo do mar".
Mateus, 18:6 " Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fôra que lhe atassem ao pescoço a mó de um moínho e o lançassem no fundo do mar".
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