Grécia
“Só tenho 5 euros e estou a entrar em pânico”
16 fevereiro 2012
To Vima Atenas Um funcionário de um organismo público de habitação para trabalhadores, a ser eliminado em breve pelo Governo, ameaça saltar. Atenas, 15 de fevereiro de 2012
AFP
Endividados, preocupados, deprimidos, muitos gregos buscam apoio nos centros de ajuda Ekpizo. Reportagem em Atenas, durante uma sessão de terapia de grupo.
De rosto tenso, os participantes na sessão trocam algumas saudações contidas, antes de se encostarem às paredes. Como se tivessem medo de se sentar nas cadeiras dispostas em círculo, para uma erapia de grupo. Parecem ter dificuldade em aceitar que, atolados de dívidas, estão completamente desesperados.
Quando a interlocutora entra na sala, o clima glacial distende-se um pouco. São 18 horas, em plena Atenas, no Ekpizo, o centro de ajuda grego para sobreendividados, que lida com aqueles que já não conseguem ver saída para a sua situação. "Há mais de um ano e meio que ouço as mesmas palavras",testemunha Lila Linardatou, trabalhadora no Ekipzo.
Os minutos passam e os presentes descontraem-se um pouco. Entre todos, fica-se com um mosaico de experiências que ilustram as muitas e variadas formas que pode manifestar o sobreendividamento. Consumidores que utilizam cartões de crédito para tapar outros, chefes de família que se endividaram "até ao pescoço" com problemas de saúde e que nunca mais conseguiram levantar a cabeça, pessoas que vivem num impasse, a aguardar um desfecho que nunca mais chega.
"A situação está insustentável. As empresas de crédito telefonam-me às dez vezes por dia com ameaças", conta Konstantinos Venerdos, que teve de se aposentar recentemente por motivos de saúde. "Pedi para chegarmos a um acordo amigável, mas os bancos ignoram-me. Tenho apenas 5 euros no bolso até acabar o mês e estou a entrar em pânico. Penso cada vez mais em suicídio, para acabar com isto. Mas também penso no meu filho. O que vai ser dele, se eu desistir?".
Submetidos a um stresse insustentável, os que se dirigem ao Ekipzo trazem também problemas de saúde bem reais, frequentemente resultantes do seu sofrimento psicológico, como é o caso de problemas cardíacos e de estômago, entre outros. "Acabam de me diagnosticar uma úlcera”, relata Dimitri. “Nunca devi uma dracma a ninguém, em toda a minha vida. Hoje, não consigo pagar o empréstimo", declara um ex-corretor que não quer dizer o apelido. Em plena crise económica, teve que fechar a loja de que vivia, no ano passado.
A sessão de psicoterapia não procura culpados, mas há que detetar responsabilidades: "Reconheço que entrei numa espiral sem fim. Utilizava um cartão de crédito para cobrir o outro”, confessa Mario, funcionário público. “Com todas as solicitações atraentes dos bancos, acabei por ter 20 cartões diferentes. Mas o meu salário foi reduzido várias vezes e agora estou com medo de ir parar à rua."
De rosto tenso, os participantes na sessão trocam algumas saudações contidas, antes de se encostarem às paredes. Como se tivessem medo de se sentar nas cadeiras dispostas em círculo, para uma erapia de grupo. Parecem ter dificuldade em aceitar que, atolados de dívidas, estão completamente desesperados.
Quando a interlocutora entra na sala, o clima glacial distende-se um pouco. São 18 horas, em plena Atenas, no Ekpizo, o centro de ajuda grego para sobreendividados, que lida com aqueles que já não conseguem ver saída para a sua situação. "Há mais de um ano e meio que ouço as mesmas palavras",testemunha Lila Linardatou, trabalhadora no Ekipzo.
Quatro já se suicidaram
Advogada, tenta dar conselhos aos que pretendem negociar uma extensão de empréstimo com os bancos. "O nosso objetivo é evitar o pior", diz. Já mais de seis mil pessoas se dirigiram ao Ekipzo, onde advogados, psiquiatras e psicólogos – todos voluntários – tentam tranquilizar aqueles que, sob o peso da crise, começam a ir-se abaixo.Os minutos passam e os presentes descontraem-se um pouco. Entre todos, fica-se com um mosaico de experiências que ilustram as muitas e variadas formas que pode manifestar o sobreendividamento. Consumidores que utilizam cartões de crédito para tapar outros, chefes de família que se endividaram "até ao pescoço" com problemas de saúde e que nunca mais conseguiram levantar a cabeça, pessoas que vivem num impasse, a aguardar um desfecho que nunca mais chega.
"A situação está insustentável. As empresas de crédito telefonam-me às dez vezes por dia com ameaças", conta Konstantinos Venerdos, que teve de se aposentar recentemente por motivos de saúde. "Pedi para chegarmos a um acordo amigável, mas os bancos ignoram-me. Tenho apenas 5 euros no bolso até acabar o mês e estou a entrar em pânico. Penso cada vez mais em suicídio, para acabar com isto. Mas também penso no meu filho. O que vai ser dele, se eu desistir?".
O medo da rua
Outros passaram aos atos. "Nos últimos meses, quatro membros do grupo suicidaram-se e dezenas de outros só se aguentam com medicação. Temos de fazer qualquer coisa para evitar mais vítimas", preocupa-se Mikela Christodoulou, outra voluntária do Ekipzo.Submetidos a um stresse insustentável, os que se dirigem ao Ekipzo trazem também problemas de saúde bem reais, frequentemente resultantes do seu sofrimento psicológico, como é o caso de problemas cardíacos e de estômago, entre outros. "Acabam de me diagnosticar uma úlcera”, relata Dimitri. “Nunca devi uma dracma a ninguém, em toda a minha vida. Hoje, não consigo pagar o empréstimo", declara um ex-corretor que não quer dizer o apelido. Em plena crise económica, teve que fechar a loja de que vivia, no ano passado.
A sessão de psicoterapia não procura culpados, mas há que detetar responsabilidades: "Reconheço que entrei numa espiral sem fim. Utilizava um cartão de crédito para cobrir o outro”, confessa Mario, funcionário público. “Com todas as solicitações atraentes dos bancos, acabei por ter 20 cartões diferentes. Mas o meu salário foi reduzido várias vezes e agora estou com medo de ir parar à rua."
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