No meu perfil que se consulta neste blogue, acrescentem mais duas obssessões : Yolanda Soares e Gonçalo M. Tavares.
O primeiro CD de Yolanda Soares é uma epifania. Yolanda, se nada fôr anormal, vai ser uma voz falada no mundo. Assim a modos que entre Ennya , Callas e Amália, se diz a liturgia musical de Yolanda com o album METAMORPHOSIS, um perfume a insenso, uma luz coalhada a vitrais, uma solidez de catedral gótica, uma paisagem celta de derviches velados, uma respiração da alma lusa enfim.
De Gonçalo M. Tavares ando eu para escrever há quase um ano. Sempre desconfiado de que o que li foi um acaso do autor, sempre ( muito portugêsmente) à espera de ver o homem escrever coisa banal. Mas não, ele é mesmo o tal tipo que nos faz raiva por, tão novo, escrever já assim tão bem. Começem pelo Senhor Valéry e terminem no romance Jerusalém. Entre a mais implacável ironia e a mais cáustica visão kafkiana da Vida, passando por um jeito único para aprofundar poeticamente ( pessoanamente ) o Mundo, aí está ele: o escritor Gonçalo M. Tavares.
A primeira, naturalmente candidata a um Gremy; o segundo mais que certo Nobel quando tiver um cabelo branco.
E todavia não consigo verter uma lágrima : esta gente assim - como, talvez, Joana Vasconcelos na pintura e escultura - só nos aparece quando o país vai mal. Foi sempre assim . Camões e Fernão Mendes Pinto só apareceram quando o país andava insolvente e ( no reinado do filho de D. Manuel II ) se viu obrigado a pedir dinheiro aos bancos da Flandres ; Herculano e Eça quando o país vivia no meio de víboras; Almada e Pessoa quando o quinto império era um desejo por já não poder haver ( de facto, que não de jure ) império nenhum. E Josefa ( a de Óbidos ), Vieira ( o Portuense ), ou Nuno gonçalves dos Painéis de S. Vicente, bem como Amadeu Sousa Cardoso que morreu de tísica na lama em que o Portugal da I Grande Guerra viveu. Até com Bom-Tempo foi assim na música.
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