segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

OPINIÃO DUMA MÉDICA

manuela santos

13:32 (Há 21 minutos)
para mim
A tua história ( a de amor e a outra....)confirma a opinião que tenho do Portela....uma alma enorme!

Beijo



Em 18 de janeiro de 2016 18:14, jose carlos couto soares pacheco Pacheco <jccsp50@gmail.com> escreveu:

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: jose carlos couto soares pacheco Pacheco <jccsp50@gmail.com>
Data: 18 de janeiro de 2016 às 18:14
Assunto: Fwd:
Para: "martinsferreira@intermolde.pt" <martinsferreira@intermolde.pt>



---------- Mensagem encaminhada ----------
De: jose carlos couto soares pacheco Pacheco <jccsp50@gmail.com>
Data: 18 de janeiro de 2016 às 18:13
Assunto: Fwd:
Para: Marines Andreia <marinesandreia@gmail.com>




---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Olinda Aguiar <lyvc1946@gmail.com>
Data: 18 de janeiro de 2016 às 17:50
Assunto: 
Para: jose carlos couto soares pacheco Pacheco <jccsp50@gmail.com>



A  VERDADEIRA  FACE  DA  BIAL
 
As notícias sobre a morte de um ( eventualmente mais ) voluntário  pago por teste de primeira fase de um novo medicamento desenvolvido desde há 8 anos pela nossa BIAL, embora passando nos media portugueses com bastante contenção, pode transportar as mentes sempre tendencialmente masoquistas dos  portugueses  para uma atenção desconfiada e desprimorosa sobre a BIAL : afinal é portuguesa!....
 
Mas , conhecendo eu a BIAL , pergunto-me : - quanto valerá a vida duma pessoa?
Bela questão esta a que procurarei a seguir responder.
 
Quando há uns 20 e tal anos a minha bexiga deixou de urinar (bexiga neurogénea ) em consequência dum tumor congénito e inoperável da minha medula raquidiana, recorri a um medicamento da maior multinacional americana e farmacêutica do mundo.
 
Acontece que uns 3 a 4 meses depois de iniciar a toma do medicamento que me fazia urinar normalmente , este foi retirado do mercado sobretudo porque as vendas deste medicamento em todo o mundo eram parcas em consequência da indicação terapêutica muito precisa e escassa. Deixou de se produzir sobretudo porque não dava o lucro que a multinacional queria ter.
 
Por essa altura eu vivia um dos momentos cruciais da minha vida: tinha-me divorciado da minha mulher que era médica e tinha a Susana , a minha querida namorada de 29 anos que pura e simplesmente na santa ingenuidade que aquela idade sempre gera nos apaixonados, depois de experimentar sucessivas doses de raiva, teve uma espécie de epifania . E atira-me ela um dia :-" Já sei , vamos a uma farmácia e mandamos fazer mais comprimidos iguais a estes ( os que ainda me restavam da multinacional )!....
 
E eu, em fatal desobrigação para comigo, com ela e com a vida, lá lhe expliquei que nenhuma farmácia tinha meios técnicos para replicar , tipo milagre da multiplicação dos pães, nem o poder, nem  sobretudo os meios técnicos necessários  ( primeiro de análise sobre o que estava dentro dum comprimido da multinacional, e segundo  sobre como produzi-lo ). Mas nesse preciso momento de funda impotência, emergiu em mim outra absoluta epifania : uma farmácia não, mas ...e se fosse um laboratório farmacêutico com investigação própria ?, a BIAL ?....Até porque não havia mais nenhuma a fazer investigação......
 
E foi assim que com a Susana carregada de libidinosa e taumatúrgica vontade para como seu amor (eu) nos pusemos na BIAL.
 
Conhecia nessa altura mal o seu Presidente, dos tempos da Faculdade de Medicina que ambos habitamos durante 6 anos mas em cursos com um ano de diferença , pelo que o meu pendular pessimismo muito realista numa sociedade sofrega pelo lucro , o prazer imediato, e sobretudo a ganância, justificam. Mas não.  Apareceu-me pela frente um Presidente da BIAL aparentemente frio, mas  muito cordial a querer falar de matar saudades dos tempos de estudantes ...enquanto a minha Susana fervia a vêr quando é que acabava a brincadeira. Por isso, num impulso que só os apaixonados conseguem, puxou do último frasco de comprimidos da multinacional, colocou-os em cima da mesa circular como se fosse um murro, e a conversa virou para o meu caso.
 
Ela explicou tudo, tim-tim por tim-tim, sem eu precisar ou sequer poder abrir a boca ..., e....,já agora " -o que é que pode fazer por nós?!".
E os olhos do Presidente da BIAL turvaram-se , agarrou num lenço do bolso , que estava constipado...E pediu um comprimido , um só, daquele frasco ( que também eu não estava disposto a partilhar mais riqueza! ), e disse mais ou menos isto: -" Deixem-me ficar com este ( comprimido ) e eu vou ver o que consigo fazer ". E contou que meses antes lhe tinha aparecido um cardiologista numa situação semelhante..., mas não podia prometer nada.
E nós saímos .
 
Duas ou três semanas depois a minha empregada de consultório passava-me uma chamada da BIAL, urgente . E a Paula ( a Paulinha ) perguntava-me onde é que me podia ser entregue uma encomenda.
 
Umas horas depois entre a saída dum e a entrada doutro doente, entregava-me um pacote com cinco enormes frascos de comprimidos que começei logo a tomar. Vinha com um simples cartão de visita que dizia assim : " Que tudo corra pelo melhor!".
 O efeito era igual ao dos anteriores.  
                                   
Estava salvo! 
 
Mas com aqueles comprimidos a minha barriga protestava  um pouco e percebi que no excipiente  haveria talvez lactose , coisa a que era levemente alérgico. Por isso, passado que era o constrangimento do doente que eu era, tive o descaramento de telefonar à Paulinha a dar conta do êxito e a perguntar-lhe se era possível arranjar mais uns comprimidozitos mas desta vez sem Lactose porque era um bocado alérgico. E não é que arranjou mesmo?!....
 
Mais tarde, muito mais tarde,  haveria eu de ser galardoado com o Prémio BIAL , e a partir daí  a nossa relação estreitou-se ainda mais. Eu tinha um enorme orgulho de que aquele Presidente da BIAL fosse meu amigo e me tivesse salvo a vida. E tinha um gosto enorme em ser amigo dele. 
 
Só me lembrava de lhe pagar em dobrado mas ele nem em singelo aceitou o que quer que fosse.
 
Até hoje! Porque é assim a família Portela.
 
Tudo isto haveria de me fazer pensar o que é a AMIZADE- ou seja : como nasce, cresce e se mantém uma amizade. Há amigos de quem eu sei que não me deixarão no buraco da ausência da amizade.
 
E sou capaz de lhes dizer :-" Aposto que jamais deixarei de ser teu amigo!".
 
É o caso. E a razão é muito  simples e não transacionável: eu conheço-os tão bem que os passei a comprender na sua ideossincrasia , e,  como quando se compreende se fica incapacitado de julgar, todas as incongruências, gafes, comportamentos parvos, ou que quer que seja, são por nós automaticamente remetidos para a ignorância da aparência das coisas em detrimento da essencia delas. Não que seja o que se passa na minha compreensão das pessoas que labutam na BIAL , mas na certeza que a BIAL me desculpará a minha estranha complexidade.
   
José Carlos Couto Soares Pacheco (médico psiquiatra)

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